29 de setembro de 2010

Protótipos?



Egocentrismo. Já paraste para pensar quanto eco causa essa palavra, quando pronunciada?
Bom, nem tão alto e tão oscilante para aqueles que não sabem seu real significado. Mas quem entende pequena parte daquilo que representa a junção milimétrica de letras e misturas gramaticais, abomina-a. Eu, em particular.
Estou rodeada de pessoas assim diariamente. Pessoas que pensam estarem sendo olhadas por todos quando andam, ou quando sorriem e contam uma história. Como se estivessem em frente a câmeras, observando-se a cada segundo para autenticar-se de que está tudo no seu devido lugar, e que nenhuma gafe será cometida. Querem holofortes, e ser o (a) melhor, em tudo, com tudo. A maior nota, o melhor argumento, a melhor piada, ser a primeira pessoa dos plurais mundo a fora. Tentam ser o sol de Galileu Galilei. Ou ainda o nosso conhecido Narciso da mitologia.

Indignaria-me menos tudo isso, se não fosse além de toda a pose e delicadeza dissimulada, aquele discurso de quem busca justiça apenas com palavras, aquele texto perceptívelmente decorado de quem quer estar acima, mandando. Como se fossem mais do que qualquer pessoa, afirmando falsa humildade.
O que leva alguém a ser assim?
As palavras se esvaiam com tanta facilidade quando aqui descrevo estas criaturas abominantes, seres quase tão diferentes do que pensam ser, quase que uma nova raça, talvez da mesma cor, e proveniente da mesma cultura que eu, você...Por algum motivo porém, estes encontram-se acima de qualquer outro. Em seus devaneios de número um, de tudo.
A verdade é que tenho pena, porque estes seres "distintos" não deixam de possuir defeitos, destacados em algum momento em sua existência, e não vão vencer sempre. Porque tudo isso, querendo ou não, faz parte de nós, humanos.
Ou será que já existem protótipos evolutivos de nossa espécie caminhando por nossas rotinas?

26 de setembro de 2010

Rotina efêmera

Estava tudo bem, uma linha tênue que iria propagar-se até o final de mais um ano - diferente assumo. Então o tormento começou, a tentação bateu a porta; em meio a pilhas e pilhas de livros, exercícios e provas ele veio, balançou minha cabeça, até que conseguiu roubar-me um beijo. Para quê?
A consciência caminhando junto com o coração é algo raro para mim, sou tão inconstante, e quando tudo estava bem, um tremor, terremoto, uma possível invasão de seres estranhos, vindos de outros mundos. Tudo imaginação, tudo fruto da emoção, quando o que eu mais queria era seguir a radiciação da minha vida. Meu ufanismo de liberdade, e de dedicação mútua. Mas, sempre há alguém que move minhas estruturas, e me deixa assim, confusa, sem estar e ao mesmo tempo, estando.
Para falar a verdade, depois de desligar-me do mundo, em meu descanso insano, perceberei que não há motivos sólidos para tanta indignação, como sempre, meus sentimentos me enfrentam, se contradizem, me testam...


e a você?

11 de setembro de 2010

Promessa ou previsão?



Os dois sempre vinham ali para conversar, colocar os assuntos em dia, de como aquela semana que acabara tinha sido. Ele porém estava distante, mais quieto, ela não sabia definir.
De repente, no meio de um silêncio agradável, ele olhou em seus olhos profundamente e disse:
- Você me promete uma coisa?
- Si.... - ela hesitou - Sim? quero dizer, nós já estamos a tanto tempo juntos, será que uma promessa é relativamente necessária?
-Se eu pudesse prever o futuro, acredito que não, mas sabe de uma coisa? Imagine uma bifurcação, nós estamos sujeitos a isso diariamente, e eu tenho medo de não poder mais vir te visitar aos finais de semana, ou matar aula e serviço para conversar contigo em uma praça...Acho que você me entende não é?
- É, entendo, mas nos damos tão bem sabe, e eu realmente não consigo imaginar uma briga tão grave que nos possa, separar? nossa essa palavra é dura demais...
- Afinal, você me promete ou não?
- Posso ouvir a proposta antes?
Ele abriu um sorriso, e com a voz doce de quem pede algo para a mamãe disse:
- Quando nós estivermos velhos, com sessenta ou setenta anos de idade, você promete tentar me encontrar? Você sabe meu nom me, e acho que se hoje em dia é fácil encontrar alguém, daqui a algum tempo será mais rápido ainda...Promete?
Assustada com as palavras, ela não conseguiu emitir nenhum som e ele continuou:
- Eu sei, eu sou um cara um tanto quanto descontente com as respostas que me dão, e já sofri muito por amor. Temos uma relação estável, mas isso não nos garante amor eterno, mas gostaria que se acontecesse algo, quero dizer, uma bifurcação, eu pudesse te reencontrar para falarmos sobre nossas experiências e conquistas, entende? 
Depois de mais ou menos um minuto de silêncio incomodo, ela finalmente falou:
- Tudo bem, mas você poderia repetir seu sobrenome novamente senhor?
Ambos deram longa risada por tamanha ironia, seguida de um beijo intenso roubado por ele - Sem hesitar, pois já não havia mais motivos para se preocupar, seus futuros erros poderiam ser corrigidos com uma xícara de chá em um café no centro da cidade, daqui a algumas décadas. Como se aquela traição já estivesse prevista, como se ele já sentisse falta de alguém para contar seus sonhos, e como tinha sido sua semana...

Ana Carolina