29 de setembro de 2015

Delírios ao som do tic tac

Daí ela pensou que tudo seria perfeito, que seria como em novelas, filmes de ficção, e que o tempo não voltaria atrás.. Daí ela se enganou.
Ué, mas o tempo não volta, nunca voltou. Aliás, aaah se ele voltasse!
Talvez ela tenha dito errado, o tempo não voltou, quem voltou foi ela. E a monotonia que ela achou ter sido culpa do longe, era culpa dela mesma.

As pessoas cada vez mais distantes, cada vez mais sem graça, sem sentido, era culpa do longe.
A falta de vontade de estudar, de aprender, correr, se mexer, cozinhar, confeitar, tirar fotos, também era culpa do longe.

Mas não era..

Tudo fazia parte de um sonho, cada passo naquela natureza incomum, daquelas árvores que mudavam constantemente, e radicalmente... Tudo era tão cheio de tudo, que não era nada, as vezes.
Mas o tudo um dia acabou, e ela voltou para o nada (OU o que ela achava não ser nada).

Aí nos primeiros dias de volta, aquele calor insano lhe fez sentir saudades do frio inexplicável. Mas só aquele frio do termômetro mesmo. Porque o frio que vinha das pessoas, ela não queria mais, estava feliz com o calor humano do perto.

O tempo foi passando e o sentimento não mudou, aquele vazio insano persistia, por mais abraçada que ela pudesse se sentir, algo faltava.
E ela descobriu apenas depois de várias horas passadas no relógio.
O vazio constante naquele sonho intenso, vinha de dentro. De um desânimo que começou com aquelas inconstâncias humanas comuns, mas que com o "tic tac" tornaram proporções arriscadas, por puro descuido de não levantar a cabeça na hora certa.
O tempo foi baixando cada vez mais a guarda dela, o desânimo tomou conta e atrapalhou tudo, afastou todos, e lhe trouxe pra perto daquele amor antigo...

O amor antigo que no meio de tantas mudanças não desistiu de esperar, no meio de tantos espinhos insistiu cicatrizar, e que no fim, foi peça fundamental para ela descobrir uma grande parte de si mesma.
Descobriu uma parte tão grande, que passou a entender mais ainda do amor (dela pelo menos), que pode existir sim, sem ser "recíproco", porque amor nenhum é cem por cento recíproco. Eu não quero amar hoje o tanto que amei ontem e que amarei amanhã, porque sou inconstante. E se amor fosse de fato recíproco, não seria amor. Não relevaria nada, nunca, não perdoaria, não abriria mão de nada, não compadeceria de si mesmo, não amaria.

Nota: Falar de amor, muda sempre aqui dentro. O que penso sobre este verbo agora, não será exatamente o que pensarei amanhã.

27 de setembro de 2014

Reflexões pós nove meses



Não estou conseguindo seguir com a promessa que fiz a mim de seguir escrevendo sempre aqui, as experiências e expectativas...
As vezes parece que nada está sendo como era pra ser, as vezes parece que eu esperava mais disso aqui, mas algumas coisas cansaram e eu entrei num momento de paz interior e de reflexão, um momento de encontro com o meu Deus. E agora, muitas coisas estão mais clara para mim. Não vim aqui por nada e para nada, essa oportunidade é muito mais do que uma desculpa para viajar, é um momento muito particular de conhecer a você mesmo, e eu estou tentando investir nisso, porque com certeza, serão as minhas melhores lembranças. Melhores até, do que as milhões de supostas fotos em festas com amigos obsoletos.

Imagine você se afastar de todos que diziam ser seus amigos, no sentido de ir morar longe por um tempo, e
receber atenção só de alguns? ou só daqueles que você não esperava? É eu quem está viajando, é eu quem precisa dar atenção para quem fica. Mas ao mesmo tempo, é eu que não tenho a linha de ônibus mais próxima que leva ao meu lar, ao meu recanto de segurança, é eu quem tem que fazer exatamente tudo que meus pais faziam, sem eles por perto para dar os melhores conselhos. E talvez, a pouca atenção que eu esteja tentando conceber não esteja sendo reconhecida e vários laços vão se perdendo pelo caminho.

Imagine você se afastar por um tempo de quem você até então, achou que poderia ser feliz sem, e descobrir que qualquer coisa passageira não vale nem metade da história que você construiu ao lado daquela pessoa. E que todas as críticas vindas dos "amigos", não faziam sentido, porque o sentimento da muito mais sentido as relações do que os níveis de QI.

Imagine você ter a oportunidade de vivenciar a rotina da profissão que você imagina querer seguir, e decidir se suas futuras forças serão postas naquilo, ou se você vai seguir caminhos opostos.

Imagine você conseguir descobrir o porquê daquelas pessoas na sua vida, e por qual motivo elas entraram, e o porque foi daquela maneira que tudo aconteceu.

Imagine você sentir e entender o tamanho da importância  que você tem no dia a dia da sua família e se perceber como um pilar que ajuda a segurar uma casa, e que você sabe que quando voltar, muitas palavras serão ditas, e muitos sentimentos e laços se tornarão ainda mais forte.

Imaginou?
Apenas algumas reflexões que eu tenho feito todos os dias aqui, tão distante.
Espero conseguir amadurecer com toda essa contagiante experiência, crescer na minha fé, aprender cada vez mais, me especializar como bióloga naquilo que me trará mais felicidade, voltar para o Brasil com objetivos firmados e sonhos re-construídos.
Espero que cada um faça um intercâmbio um dia, um intercâmbio de experiências interiores, porque esse, valerá mais do que mil viagens, nem que para isso, você precise realizar alguma...

10 de agosto de 2014

Seven


Budapest, Cidade do Amor. Junho 2014






"Have no fear

For when I'm alone
I'll be better off than I was before..."




Sete vidas, sete pecados capitais, sete meses de Irlanda!
Ilha esmeralda, não podia levar outro nome, muito mais verde do que cinza, calma, límpida, bonita.. Terra de gente generosa, amorosa, de gente feliz mesmo em dias de chuvas (quase todos os dias). 
Tudo que eu não gosto certo?
Não poderia ter escolhido lugar melhor pra fazer meu intercâmbio. Sair um pouco daquele movimento, trânsito maluco, daquela correria.. Para estar num lugar como esse tão perto de todo o resto da Europa. Lugar para se desvendar, conhecer a história, para refletir...

Já estou quase alcançando a lista de 10 países visitados (na próxima trip completo). Quantidades pra mim não importam, tento ir para cidades com um Q a mais, menos clichês, busco por cantos de belezas naturais, daquelas coníferas lindas que a gente não encontra no Brasil. Da paisagem quase igual em todos os lados mas, intocadas!
Cada nova viagem é um mundo novo de percepções próprias, absorção do ser de outro país, da atmosfera diferenciada, da apreciação, reflexão do que é diferente para nós, vivência de novos sabores e sentires...


7 meses vivendo aqui, significam 7 meses a menos para viajar. E isso me deixa um pouco triste, porque os dias vão passando e tenho menos tempo para conhecer lugares da minha lista de sonhos (que não é pequena). Mas o que me conforta é saber que sou forte e talvez "smart" o suficiente, para aproveitar novas oportunidades, correr atrás desses sonhos que talvez, vão demorar mais para se realizar. Ou se não acontecer, tudo bem, já estive em terras europeias e isso pra mim já era inalcaçável que chega para eu estar explodindo de felicidade. Então, se eu fosse embora amanhã, estaria suficientemente realizada.  


Realização é a palavra que me faz levantar todos os dias da cama, palavra de impulsão que ergue-nos até nossos sonhos. E cada dia vivido, cada pequena coisa alcançada, é um degrau vencido, seja ele pequeno, grande, inclinado...


Espero conseguir desfrutar muito mais desses 11 meses que ainda tenho pela frente, abrir ainda mais a mente para novos aprendizados, vivencias. Estar disposta a voltar e continuar buscando por melhorar, no meu trabalho, na minha fé, nos meus estudos, família..Porque afinal de contas, uma coisa que sempre digo e que continuarei refletindo: o intercâmbio nos põe muitas pessoas diferentes a nossa frente, conhecemos várias, de várias culturas Mas quem a gente realmente desvenda e conhece bem nesse período, somos nós mesmos. 



"..Apoderar-se de si
Remediando passos
Convergir no olhar Nosso brio e fúria Conceber, conservar Aguerrida entrega Nesse nosso desbravar Emanemo-nos amorAté quando suceder De silenciar O que nos trouxe até aqui..."

23 de julho de 2014

Saint Patrick Day's

A vida fácil sempre nos deixa cômodos, e nessa fase de bolsista que vivo atualmente, é que não tenho a menor sombra de dúvida disso. 
Na minha terra natal, não respirava, emagrecia sem academia, precisava anotar tarefas para não correr o risco de esquecer, esquecia do mesmo jeito... Agora, tudo está mais light, principalmente o tempo de sobra. Mas como li por aí, o intercâmbio faz conhecermos mais sobre nós mesmos, do que os outros, e estou concluindo que não nasci para essa vida parada. Preciso de movimento, horários, pensar rápido, prazos, pressão, café... A graça está no vai e vem, não na estabilidade. Tomara que a faculdade aqui seja tão difícil que eu precise ficar horas debruçada para aprender...

Mas enfim, vamos ao que nos interessa.
Ah muito tempo atrás - vulgo quatro meses, em Março a Irlanda comemorou mais um dia de São Patrício, e "arround the world" várias construções famosas ficaram literalmente verde.
A cor da sorte, do trevo de três folhas - que aqui na Irlanda significa sorte e que é um dos símbolos do país; a cor da roupa do santo padroeiro dessa grande fazenda, como diria um amigo meu. E talvez ele tenha razão, uma grande fazenda é mais verde do que cinzenta e a cor remete a sorte...

No dia de São Patrício, todo Irish sai a rua para comemorar, em todas a cidades do país, mas a concentração principal e a maior festa é em Dublin, capital; e eu estive lá. 
O lado cultural é muito bonito, com desfile pelas principais ruas da cidade, assim como quase toda festa tradicional - inclusive o carnaval das passarelas no Brasil. Durante a semana anterior há uma programação especial de shows, apresentações culturais das mais variadas artes, parques espalhados pela cidade; uma boa pedida para famílias e jovens apreciadores da cultura local. 
Mas no dia 17 de Março, último dia de comemorações, a festa acabou com o final do desfile, por volta do meio dia, e após isso o que restou foram pessoas bebendo na rua, tentando entrar em algum pub no qual não dava para se movimentar dentro, de tantas pessoas procurando diversão. 
A polícia local tentava o tempo todo tirar a bebida das pessoas que insistiam em carregar todo o estoque de fontes de álcool dos mercados próximos; mas o esforço era visivelmente inútil e as pessoas continuavam...
Na rua, o que se ouvia eram cornetas, brasileiros gritando (sim, eles estavam em Todas as esquinas), e alguma música relativamente baixa vindo de algum pub próximo...
A tentativa de diversão da minha parte foi falha, estava ruim do estômago e não bebi daquele dia, e olha que já costumo ser chata bêbada, imagine consciente...

O que conclui da festa é que o intercâmbio não foi capaz de me mudar tanto ao ponto de me fazer ir para um carnaval de rua e conseguir obter algum sucesso e diversão, então da próxima vez, tentarei aproveitar mais o lado cultural da festa que me parece rico. Além disso, as pessoas nas ruas durante o desfile realmente valorizavam aquilo, e isso foi umas das outras coisas que conclui, os irlandeses são realmente patriotas e amam usar todos os acessórios remanescentes e comuns na festa de São Patrício, assim como os baianos gostam de pôr seus abadas em Fevereiro..

12 de maio de 2014

Uma carta pra Ela..


Só de pensar em escrever algo, as lágrimas já começam a se fazer presente aqui de longe.
Mas vamos lá...
Hoje é seu dia minha rainha!

Primeiramente, gostaria de simplesmente te agradecer por tudo.
Estou aqui distante, vivendo intensamente um momento na minha vida que jamais vou esquecer, correndo atrás dos meus sonhos, viajando, conhecendo lugares que quando eu era pequena ficava sonhando em poder estar um dia.
E tudo isso graças a quem?
Obviamente a Minha mãe.
Mesmo sabendo que você prefere essa vida pacata ao lado da família e para a família em todos os momentos, eu não posso negar que o que me impulsionou até aqui é o exemplo que você me deu durante toda minha vida. Sua persistência, honestidade, sua calma infinita para com nós e principalmente sua bondade nata, me inspiram cada vez mais a seguir em frente e correr atrás dos meus sonhos.
Desculpa eu estar tão longe agora, mas infelizmente os filhos criam azas, e assim como eu absorvi de você bons sentimentos e características genéticas, eu peguei um pouco do senso aventureiro e liberto do Lorinho...
Eu e meu irmão somos a mistura perfeita de vocês dois, um pouco de amor daqui e dali, mas no fundo todos nós somos ímpar. Cada qual com sua essência.
O que vale é viver o amor, lembrar todos os dias da família maravilhosa que eu tenho e lembrar também que se não fosse essa mulher guerreira aí, a gente não seria tão unido. Obrigada pela nossa família, você tem culpa nisso! Haha

Te desejo tudo de bom nessa vida, felicidade, paz no coração, e principalmente saúde (né dona Inês?) pra seguir em frente!
Porque vontade de viver e amar-nos... aah, isso eu sei que não lhe falta!
Te amo para todo sempre!
Feliz dia das mães minha melhor amiga!

1 de maio de 2014

Ser ou não ser?

Aqui e em todo lugar, isso sempre costuma acontecer.
Eu me deparar com alguém que não sabe ser quem é, simplesmente...
Ta certo que, a todo tempo a gente se desfaz em nós, finge algo aqui ou ali, ri falsamente em algum instante oportuno e necessário, o mundo nos exige isso em alguns momentos. Aceitável?
Talvez sim, dependendo do ponto de vista.
Mas considerando que, se alguém se julga do bem, ou se julga tentar ser o melhor que é, não. 
A busca por viver sua total essência - se é que isso importa, deve ser verdadeira. 
Não se manipula momentos, horários, falhas, não se coloca alguém de canto por um tempo. Não se desfaz um sentimento intenso numa noite para o dia. Não faz sentido viver o que não se quer por questão de status. Não faz sentido esconder-se de si mesmo, fingir ser quem não é por simplesmente, se importar com que os outros vão pensar. 
Dificilmente consigo ser falsa. Posso conviver com quem não "bate", e ser feliz com isso, mas não torno coisas que julgo ruins parte da minha alma, parte do que sou. Porque não faz sentido Eu não ser eu, simplesmente. 
Ter medo é aceitável, viver infeliz por querer e fingir que não pode, não. 


"Não procure paz onde paz não há
Não procure alguém onde não há ninguém
Não procure um céu azul no Mar Vermelho
Não procure outras pessoas no espelho.." - E.H


29 de abril de 2014

Vamos nos permitir?

"Do meu olhar para fora, o mundo é só miragem.."

O que seria da vida sem as coisas simples que preenchem nossos dias?
sem os prazeres de uma companhia sem cobranças?
Sem fazer questão de status? de estar no meio dos "interessantes"?
Espero continuar assim, nesse momento de paz interior, caçando e encontrando boas coias em pessoas inesperáveis, me surpreendendo com os outros e comigo mesma. Espero continuar na busca do que realmente sou, estando ao lado de quem quer que for, mas feliz por isso.
Encontrar momentos, a paz, a natureza. Encontrar-se nisso tudo e compartilhar d'alma que pulsa aqui dentro... Que tem vontade de ser, estar, viver...amar, talvez. Mas primeiramente, a si mesmo.


"...eu finjo ter paciência... E o mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós... um pouco mais de paciência. Será que é tempo que lhe falta pra perceber? Será que temos esse tempo pra perder? E quem quer saber? A vida é tão rara..." - Lenine

Clichê, que não perde o significado Nunca pra mim.
Bora viver?